sábado, 21 de janeiro de 2012

Ao Café


Perguntaram-me o que desejava,
Pedi uma chávena de ilusão,
com creme e espuma,
e um pacote de sonho,
Que não me queriam servir.
Sem saber quem eu era, alguém passava:
- O que fui ontem,
Já hoje esqueci de madrugada.
Que serei amanhã? Quem quer saber? Quem?
Eu não,
Penso que fui pelo Mondego, Tejo
Ou nas correntes quentes do Verão.
Nos ventos do Norte,
No mar que rebenta sem rebentar,
Talvez o que fui,
já seja de alguém.
Na dúvida, trago presa a alma:
Como se pode ser não sendo?
Criança consciente de sua inconsciência,
Plenitude, em estado de dormência,
Ainda sobe ao muro a equilibrar-se na loucura.
Venha ela sentar-se comigo à mesa,
Que os demais já não me servem!
Não! Acabou-se-me a ilusão!
Empregado, traga-me café do mais doce,
Que a sombra na alma ainda perdura,
E ainda trago na boca,
O gosto da amargura!  



Rita Oliveira
20.01.2011

3 Comentários:

Anonymous David Sérvolo disse...

"like" :)

Mais um belo texto, profundo como tudo o que há em ti. De sentimentos nao de agora, mas de a muito mais tempo, que atravessaram tanta coisa, cheios de esperança, para por vezes acabarem esbarrados contra a parede.
Keep the good work and the good things, we, the TRUE, ´ll keep right by your side :)

Beijinhos grandes Ritinha <3

21 de janeiro de 2012 às 01:48  
Blogger Miguel Cruz disse...

É disto que tanto gosto nos teus textos... É preciso ler várias vezes... Ou seja, é preciso deixar-se deliciar e levar pelas palavras várias vezes!
Na primeira vez saboreamos as palavras, o modo como jogam ao longo do texto, os trocadilhos e, no meu caso, a saudade de ler algo teu! No entanto, não se entende nada...
Na segunda vez começamos a dar significados às frases uma a uma, começando a perceber, segundo os significados que demos, e a formar um sentido cá dentro...
Na terceira vez já entendemos, ou pelo menos achamos que sim, o significado do texto...
Todas as vezes seguintes saboreamos as tuas palavras, normalmente, para recordar o bem-estar que elas nos oferecem!

Falei na primeira pessoa no plural, mas se calhar sou o único caso... Por isso, não arriscando, digo "falo por mim" e deixo aqui a minha opinião clara: Este texto está uma delícia!

Continua, Rii, vais longe!

Beijo enorme,
Teu Miguel =)

P. S. - Preciso que me continues a ensinar a escrever, agora sim, já pareces uma professora de Português, daquelas severas que não se contentam com qualquer coisa e que, quando gostam de algo, deve-se fazer uma festa!

With love*

21 de janeiro de 2012 às 01:54  
Anonymous Anónimo disse...

Todas as limitações são criadas por nós. Fomentadas pelo nosso historial que remonta da infãncia á data em que nos encontramos.
A nossa Visão mais ou menos distorcida do que se passa ao nosso redor produz a nossa realidade e o nosso dia a dia. Não existem duas realidades iguais, assim como não existem dois seres iguais. As emoções fluem mediante as circunstãncias, mediante o estado de espírito pessoal, o estado dos seres com os quais interagimos e mediante algo exterior que poderei chamar de energia ou de algo que não consigo explicar bem. Sei no entanto por experiencia própria que esse algo, por vezes, desafia a lógica vulgarmente conhecida, o que considero bom. Talves se chame fé, amor...talves vida!

29 de janeiro de 2012 às 20:47  

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