quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Disseram-me que(...)

Um dia, alguém me disse que o Melhor Da Vida São As Coisas Simples...
Ontem, isso parecia-me vago, distante e apenas poético...




Entretanto, muita chuva caiu,
muita vida se perdeu,
muitas lágrimas se deitaram,
muitas quedas se deram,
muita conquista se fez...









E Hoje sei... que o Melhor Da Vida São As Coisas Simples! :)




Rita Oliveira



quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Óh Senhor Deus!...



Peço desculpa, antes de tudo, pela forma leviana com que a ti me dirijo.
Peço desculpa pela forma rude, se assim a considerares, com que te toco, pois não é de todo minha intenção faltar-te ao respeito.
Mas é que há coisas que incomodam a minha alma, me provocam insónias e cada vez mais ganham vida no meio das sombras ao escurecer e esperam pela noite para me atacar sem qualquer piedade.
No primeiro dia disseste: «Faça-se luz!». E a luz apareceu.
No segundo dia criaste o céu e a água…
No terceiro dia fizeste o elemento árido, chamaste-lhe terra e assim criaste as plantas.
No quarto dia inventaste as estrelas, separas-te o dia da noite, o Outono da Primavera, a Primavera do Verão e o Verão do Inverno.
No quinto dia crias-te os pássaros e os peixes.
No sexto dia fizeste os outros animais e, por último, crias-te o Homem e disseste que este se havia de se voltar para ti…

Óh Senhor Deus, no fim de seis dias de trabalho, que acredito que foi árduo, que te fez ser merecedor de tanto mérito, no fim de provares que és possuidor de tamanha criatividade e puder, confesso que foi uma desilusão saber que no sétimo dia paraste, descansaste e contemplaste a tua brilhante criação.
Paraste, descansaste, contemplaste. Não o devias ter feito, em vez disso, devias ter inventado coisas como a protecção, a igualdade, a generosidade, a compaixão… amor…

Fizeste luz, no entanto, deixas o Mundo às escuras.
Há dias em que o céu é demasiado pequeno para mim… e a água não é suficiente para me matar a sede.
Há dias em que a terra me foge dos pés e as flores morrem nas minhas mãos.
Há dias em que não há estrelas no céu para iluminar o meu caminho e em que um frio interior me invade em plena Primavera.
Há dias em que o cantar dos pássaros não chega aos meus ouvidos…
E o Homem não se pode voltar para ti porque tu não te voltas para o Homem.

Não foram poucas as vezes que me deixei estar sentada no rebato, perdida de mim, à procura dos pedaços da minha alma, que me foram arrancados por alguém, e a deixar que o buraco negro dentro do meu peito me fosse engolindo aos poucos.
E onde estavas tu?
Não foram poucas as vezes que, sentada no rebato, esperei que viesses encher-me o peito dessa Fé de que todos falam. Hoje, porém, despida daquela inocência que não falta a uma criança, sei que não era por ti que esperava, mas sim pela protecção, pela esperança e pelo carinho, que tive de aprender a criar dentro de mim, porque tu passaste o sétimo dia a descansar, a contemplar, e não tiveste tempo para puder inventar estas coisas.

Óh Senhor Deus, um dia disseram-me que aos teus olhos somos todos iguais. No entanto, isso não foi, não é, nem nunca será verdade!
E onde estás tu?

Estás entre nós, mas não estás no meio de ninguém.
Fizeste um Mundo com meios e sem princípios…
E onde estás tu?

Falo para ti. Questiono-te. Respondes-me?
Não!
Deves estar ainda a contemplar a tua brilhante criação.
Se pudesse, convidar-te-ia a vê-la mais de perto, a juntares-te a ela, tenho a certeza que a criação brilhante perderia o brilho e que dela não te irias sem uma lágrima deitar.


Rita Oliveira
03/02/2010
Dedicado à Ana e às aulas de Geografia que passamos juntas x)