terça-feira, 24 de agosto de 2010

Palavras


Nunca te falarei do abismo que se insiste em meter debaixo dos meus pés.

Nunca te direi quem sou.
Inventa-me tu.
Diz-me tu quem sou eu.
Não te vou dizer que preciso de ti... para ser eu.
Não te direi nunca que no meu peito trago o botão de rosa que os teus lábios fazem desabrochar.
Não te vou revelar que, à despedida, desejo secretamente que o teu cheiro se entranhe na minha pele e me envolva até ao teu regresso.
Anda menino, vamos juntos ouvir as canções do Mundo… deixar as almas gritarem e fundirem-se numa só!
Não temas a dor que se verte na tua cara, engolir-te-ei as lágrimas para que não sofras.
Por isso, não te percas já.
Não desistas já.
Ainda não te amei o suficiente.
E não sei se algum dia amarei…

Não me interessa o que te trouxe, nem os pecados dessa tua outra vida, da que tiveste antes de mim.
Reinventa-te comigo.
Nasce comigo.
Guardarei o teu olhar na certeza de que tenho o teu coração.
Irei saber de cor cada pedacinho do teu corpo e respeitá-lo-ei como se fosse meu!
E irei guardar os teus lábios na paixão que tenho por ti.

Daqui a anos seremos apenas uma história…
Daqui a décadas vagas memórias…
Daqui a séculos já não vamos existir para ninguém…
Por isso, enquanto é tempo, pousa a tua mão na minha e escreve comigo um futuro. Completa-me aqui…
Não prometo amar-te até ao fim da tua vida, sabes que não o posso fazer… mas juro amar-te o mais que puder, enquanto o Sol e as Estrelas brilharem para mim…
Porém, nunca to direi…
Da minha boca nunca sairão tais palavras…
Vou guarda-las nos meus lugares mais profundos… para que possas tu sentir o prazer das descobrir.

Rita Oliveira
23.08.2010