sábado, 9 de fevereiro de 2008

Eu e a vida


Vagueei na solidão,
Procurei, andei sozinha
Quis encontrar razões,
Arranjar explicações,
Tanta vez em desalinho

Então a vida questiono-me:
“Estás mal comigo?”
Essa questão ensombrou-me,
E respondi:
“Já me roubas-te mais que um amigo!”

“Eu não te roubei nada,
Escuta bem a minha voz
Um amigo nunca morre,
Ele continua a viver
Para sempre dentro de nós”

Então olhei para ela magoada,
Por tudo o que me fez passar
Foi então que a entendi.
Lembrei-me das coisas boas que me deu,
E acabei por a abraçar.

Rita Oliveira
2006

Fazes parte de mim!


Na noite escura, na casa escura, nas paredes encardidas...
Soltou-se carinho... parecia impossível!
Até as estrelas fugiram da escuridão...

Não me toques! Não te quero sentir!

Não fales! Não te quero ouvir!

Não quero que faças parte de mim!

Mas entretanto vi... a menina sentada ao teu colo, que apreciava os rastos de meiguice deixados pelos teus gestos, e a ternura no teu olhar brilhante, era nele onde todas aquelas estrelas se tinham refugiado.
E a menina sentada ao teu colo, que escutava todas as tuas histórias... como quem escuta um grande segredo... sonhadora, e rosto familiar.

O Tempo voltou para trás... o Tempo foi em frente, e ninguém me tira da cabeça que ele só não parou porque não podia!... por fim... levou as mãos aos olhos e... chorou!
O sofrimento do passado, a instabilidade do presente e a expectativa depositada no futuro...estava tudo ali!
Os pensamentos andavam amontoados.

As estrelas, curiosas, voltaram a descer dos céus mas desta vez, para tentarem perceber o que se passava cá em baixo.

Tudo soava a confusão!

Fazes parte de mim!

E naquela noite escura...Senti-te, abracei-te
Ouvi-te...

Vá lá... guarda-me no teu coração! Para eu ser tão real para ti como és tu para mim!

Então puseste-me ao teu colo... tal e qual como dantes.
Agarraste-me, para nunca mais me largares!

Naquela noite escura...
O Tempo limpou as lágrimas do seu rosto envelhecido!
Naquela noite escura...
As estrelas subiram aos céus descansadas e felizes.
Eu... eu fiquei contigo! A ver o nascer do sol.

Rita Oliveira
08-02-2008



quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

O Rio














Era uma vez uma grande vila, e uma casa muito bonita á entrada daquele grande paraíso que era o rio naquela altura... o rio... com a voz de criança.
Uma casa bonita... porém um lar desfeito.
...o rio grita, com voz infantil.
Famílias juntas fisicamente... outras separadas pelas voltas da vida.
Os machados? Esses são agarrados pelos escravos... sim, porque as gravatas são engordadas pelos Senhores.
...o rio chora.
Pessoas de rosto limpo e jovem são constantemente reconhecidas na rua. Pessoas de rosto triste de olhar rugoso já envelhecido pela vida são olhados com desdém...”afasta-te filho! Que o Homem é um gatuno!”, porém são os mais felizes!
Isto, claro, depende do que se entende por felicidade...
...o rio sorri baixinho. Sorriso inocente...
Tentar viver a vida que não se tem é morrer sem dar por isso. Vergonha? Sim, sim claro, estou de acordo!Vergonha de vocês próprios! E medo? Medo de que? Já no fim da vida ao olhar para trás, ao ver tudo o que se perdeu a troco de uma ilusão sem nome, irão perguntar :
Medo de que? De mim? da morte? Ou da vida não vivida?
Vamos viver!
Vamos ser felizes!
Vamos ficar felizes com a felicidade dos outros!
Para no fim acolhermos a morte como uma velha amiga.
Era uma vez um rio que corria devagarinho... rumo à felicidade.
Rita Oliveira
06-02-2008