sábado, 26 de abril de 2008

Grito Mudo



Vai!
É agora!
Respira, agora podes respirar!
Nada se pode impor no teu caminho!
Liberta-te das correntes!
Corre!
É agora!
Abre as janelas, refresca a alma, cai na fraqueza tão desejada!
Deixa o vento correr por ti, ouve as suas histórias!
Deixa-te voar... vá lá... só hoje, só um bocadinho...
Fica um segredo só nosso!
Agarra no lápis, deixa sair o coração, o sentimento tocar-te-á!
E as palavras aparecerão!
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Preciso de escrever, para rebentar de mim.
Desabrochar o meu ser, desvendando a minha existência a alguém, ou até a mim própria!
Levanto o véu, mostrando o que é impronunciável para a minha boca, deixando em palavras metades de mim mesma!
E dou a voz ao silêncio!
Mergulho em sonhos conhecidos por ninguém, que teimam em me fazer viver no limite da fronteira que separa a lucidez da loucura.
Finjo que o céu perdeu toda a altura!
E por momentos resumo-me a um mito considerado complexo em busca de algo que não sei se existe!
Talvez seja por isso que lhe dão o nome de descoberta!
Incessantemente aprendo a ver com palavras e sol cada pedacinho de mim, que eu insisto em ignorar e em fechar os olhos!
Incessante até o pôr- do- sol me roubar a luz!
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As correntes derretem-se com o calor da minha mente e do meu grito!
A minha alma não se limita ao meu corpo, nem sequer cresceram juntos!
Ambos viajam a ritmos diferentes, de melodias muito minhas!
A alma viaja!
A alma dói!
Crescer dói!

Complicado como tocar no céu!
Simples como abrir uma janela!
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É agora!
Ninguém me pára!
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Rita Oliveira
26-04-2008
=)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Refugio ou Engano?



Quero tocar-te, porém, é impossível alcançar o invisível.
Quero chegar-te no azul do dia, mas há barulho, há movimento, e tu estás no meio da multidão que não posso tocar.
As minhas lágrimas quiseram conhecer o mundo, os meus ouvidos fizeram tudo para ouvir o teu coração. O Teu Coração.
O meu corpo decidiu dizer “Olá” ao teu colo. Adormeci e vivi o teu sonho, parei o tempo com o meu simples querer.
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Existes!
Não existes!
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Vi nos teus olhos transparentes, tempestades e gritos de silêncio ensurdecedores, com a minha mão toquei o teu rosto invisível, senti a tua pele já quente, mas tão fria.
Sinto-te sem te tocar.
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Existes!
Não existes!
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Mostraste-me um Mundo.
Abriste-me portas.
Conheci a voz e o calor!
Cativaste-me sem nunca me conhecer.
Desculpa, mas não vejo o invisível.
Destruis-te sem mãos o mundo que me mostras-te!
Outros momentos virão...
Agora deixaste-me sozinha...
Com a tua canção.
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Existes!
Não existes!
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Vais quere-la de volta!
Vais flutuar!
Com um sorriso na cara!
Com os teus olhos de água!
Vais abrir os teus braços transparentes,
Vou ouvir o teu coração invisível (mas nem por isso irreal!)
O meu corpo, vai aprender a palavra “saudade” quando voltar ao teu colo.
O tempo vai parar com o nosso simples querer.
Vamos entrelaçar os dedos, vamos dar a mão.
Porque tu foste, mas deixas-te ficar...
A tua canção.
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Estás tão além dos meus sonhos!
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Rita Oliveira
17-04-2008
.(Será verdade? Sim, é mesmo verdade! E o que é escuro também me assusta!!)
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.Mafalda Veiga- O Meu Abrigo
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Olha pra mim
Deixa voar os sonhos
Deixa acalmar a tormenta
Senta-te um pouco aí
Olha pra mim
Fica no meu abrigo
Dorme no meu abraço
E conta comigo
Que eu estarei aqui
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Enquanto anoitece
Enquanto escurece
E os brilhos do mundo
Cintilam em nós
Enquanto tu sentes
Que se quebrou tudo
Eu estarei
Sempre que te sentires só
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Olha pra mim
Hoje não há batalhas
Hoje não há tristeza
Deixa sair o sol
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Olha pra mim
Fica no meu abrigo
Perde-te nos teus sonhos
E conta comigo
.
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sábado, 5 de abril de 2008

Meu Raio de Sol


Ainda era dia, quase noite, era só ele que ia na estrada. As luzes da cidade, dos carros, dos prédios, dos centros comercias iluminavam as ruas, as pessoas, as mentes, tudo!
Mais um dia (quase noite) passado, sempre a olhar para tudo, a ver todos aqueles dias já passados, a sentir todas aquelas coisas já sentidas. Cada noite, um banco diferente, de um jardim diferente.
Mas ele nem sempre foi assim, nem sempre viveu na rua. Antes existiam sonhos. Antes havia aquela música
“You are my Sunshine”.
Aquela música que lhe aquecia o coração, cantada pela mãe, que o adorava mais que tudo, num tom de voz amoroso, que mesmo não a entendendo aquecia-lhe o coração, e assim deixava-se embalar com aquele ritmo lento e baixinho. Talvez a canção fosse uma súplica da mãe a Deus, para lhe proteger o seu filhote, porque nos tempos que correm amor só, não chega! Seja como for não lhe valeu de muito.
Parecia ser tudo tão pouco... e era tanto!
Depois vinha o dia seguinte. Livros na mão, mochila ás costas e um raio de sol no olhar, como lhe dizia a mãe. E cantava a música baixinho em direcção á escola.
Era sempre assim um raio de sol no olhar, nas mãos, na mente, em tudo o que fazia, em tudo o que fez! O medo combatia-se com a música. Quando vinha da escola já quase de noite cantava, e assim os receios trazidos pela escuridão eram afastados. Por aquela música, que parecia ser tão pouco, e era tanto! A meiguice que tinha de existir numa voz para se poder sentir. Mesmo não a entendendo ele adorava-a.
“You are my Sunshine...”
Mas isto era outra vida!
Falemos do presente!
Havia um homem na rua, num banco de jardim, olhado com desdém, obviamente!
Onde está o Raio de Sol?
Ele olha para as luzes, ele olha para as pessoas, olha para as paisagens, especialmente para aquelas em que só reparou quando ”a vida mudou”. Sentava-se num banco e ficava a apreciar, deu nomes a todas as árvores, olhava as nuvens, contava as estrelas à noite.
E via aquela gente, tão atarefada, ninguém parava para ver, ninguém ligava a uma beleza daquelas.
Onde está o Raio de Sol?
Têm medo dele! Ou talvez de ver a imagem da solidão.
Ele também tem medo!
Ele chora a vida que tem!
Onde está o Raio de Sol?
Todas as noites especialmente no Inverno, sobretudo nas noites chuvosas, na porta de um prédio ou de baixo de uma varanda, ele está lá! E tenta aquecer o corpo, a alma, o coração.
Onde está o Raio de Sol?
O frio gela-lhe as faces.
A música aquece-lhe o coração.
Ele também tem medo!
E canta baixinho:

“You Are My Sunshine
My only sunshine.
You make me happy
When skies are grey.
You'll never know, dear,
How much I love you.
Please don't take my sunshine away”

E amor só não chega?

Rita Oliveira
05-04-2008
(é de embalar, não é pimba!!espertinha.xD)